ANDO

Ando na noite escura

Sem cura, só lua

Não sou das suas

Tolas mirins

Comuns e sem graça

Nem faço palhaçada

Na esquina de sua casa

Olhe entre as frestas

Não existem florestas

Nem galhos, nem nada

Que beleza é essa sua

Que confundem as ruas

Não decifram palavras

Nem versos, nem falas

Nem livros, nem mapas

Suas Idéias sem telas

Sem arte, sem elas

Sem cores com mazelas

Sem luzes, sem celas

Sem arte e sem nada

Rasgo todo o asfalto

Encontro seus passos

Marcados de barro

Seu rastro, seu laço

Assim eu me amarro

Nem sei o que faço

Desfaço ou desabafo

Se canto ou se castro

Se beijo ou se saio

No meio da estrada

Ando na noite clara

No meio da praça

Sorrindo sem graça

E todos que passam

Nem olham, nem falam

Volto correndo descalça

Cansada e sem fala

Sem pedra, nem palha

Sem caco, sem saco

Na noite estrelada

Te vejo na esquina

Me segue, me grita

Sacode e me irrita

Me pega e se atira

Me beija e me guia

Pollyana Oliver