a menina do outro lado do espelho
e tinha aquela menina!
Lindos olhos tinha aquela menina.
Eram castanhos feito a terra do cerrado
Tinha grandes sonhos e a cabeça feita.
Ah! Eu me lembro bem daquela menina
sua saia rodada e o laço de fita colorida
nos cabelos de algodões negros.
Ela dançava e balançava aquela saia
enfeitiçando os garotos
Me lembro da Clarice falando
de alegrias catalogadas e de candura...
Tinha candura aquela guria.
Era doce feitos os amores
e rebelde pra diabo nenhum botar defeito!
Sim, eu me lembro bem daquela menina.
Às vezes, ainda hoje, escuto o som do seu riso alto
e seu perfume embalando o ar e tudo ao redor.
Cheirava a morango.
“Não se esquece uma menina que cheira a morango”
Era valente.
Devia ser por causa do sangro negro
que corria-lhe nas veias.
Ah! Aquela menina!
Não abaixava a cabeça mais do que o necessário
pra acender o cigarro e encarava todo mundo de frente.
Tinha um furacão dentro dela. Eu sei.
Aliás, ia mesmo me esquecendo de dizer que,
agora a pouco esbarrei com ela diante do espelho.
Ainda guarda aquele furacão ainda está lá no olhar
Continua desbocada e suave como que sempre foi.
Vez ou outro eu preciso reencontrar essa menina.
Queria que me acompanhasse vida a fora,
mesmo que quando adormecida aqui dentro do peito.