a menina do outro lado do espelho

e tinha aquela menina!

Lindos olhos tinha aquela menina.

Eram castanhos feito a terra do cerrado

Tinha grandes sonhos e a cabeça feita.

Ah! Eu me lembro bem daquela menina

sua saia rodada e o laço de fita colorida

nos cabelos de algodões negros.

Ela dançava e balançava aquela saia

enfeitiçando os garotos

Me lembro da Clarice falando

de alegrias catalogadas e de candura...

Tinha candura aquela guria.

Era doce feitos os amores

e rebelde pra diabo nenhum botar defeito!

Sim, eu me lembro bem daquela menina.

Às vezes, ainda hoje, escuto o som do seu riso alto

e seu perfume embalando o ar e tudo ao redor.

Cheirava a morango.

“Não se esquece uma menina que cheira a morango”

Era valente.

Devia ser por causa do sangro negro

que corria-lhe nas veias.

Ah! Aquela menina!

Não abaixava a cabeça mais do que o necessário

pra acender o cigarro e encarava todo mundo de frente.

Tinha um furacão dentro dela. Eu sei.

Aliás, ia mesmo me esquecendo de dizer que,

agora a pouco esbarrei com ela diante do espelho.

Ainda guarda aquele furacão ainda está lá no olhar

Continua desbocada e suave como que sempre foi.

Vez ou outro eu preciso reencontrar essa menina.

Queria que me acompanhasse vida a fora,

mesmo que quando adormecida aqui dentro do peito.

Mônica Ash
Enviado por Mônica Ash em 20/01/2009
Reeditado em 10/07/2014
Código do texto: T1394235
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