Desabafar Poético - XXVIII

"Segunda Canção"

Por ti fecho os olhos co'a noite,

Escuridão que brilha no anseio da espera

De tantas promessas de desconhecida aurora,

Tu deixaste as margens das palavras um vácuo ilusório.

As alegrias efêmeras cobrem o pranto fraco

Que tristes espiritos plantam incautos

bem ao fundo do meio-dia transparente

Onde o vapor ébrio das noites ainda é real.

As marcas de flagelo no corpo deflagram

Todo um choro semelhante e inesquecido...

Toda marca vil de maquiagem suja revela

A cor da alma imunda, lasciva e bela...

Com os pés elameados de vômito

Subindo paredes sempre inauditas

Que clamam por uma porta sempre fechada

De ouvidos rotos e gargantas surdas...

- Tu não há de me ouvir!

É um presente fraco, um passado forte

É todo aquele meu antigo lamento à morte...

É aquilo que a alma não há de esquecer!

- Entretanto de vistas turvas... não vê.

Mas se o sonhador ainda tem um lar,

É no delírio! Este vicio de sofrimento.

E se este débil ainda canta seu lamento

Pois é por sempre e ainda te amar.

R Duccini
Enviado por R Duccini em 20/01/2009
Reeditado em 20/01/2009
Código do texto: T1395680
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