Rondó Noturno

Nos eletrônicos fios,

que brilham frios n'avenidas,

escondem vidas, lucina

só co'a sua sina esquecida.

As mariposas nas luzes,

não se recordam por era

da lua e perdidas na mera

da luz... reduzem suas vidas.

Constelações pelos bairros

formam figuras que mudam,

são pirilampos, circulam,

eles são carros nas pistas.

Nos eletrônicos fios,

que brilham frios n'avenidas,

escondem vidas lucina

só co'a sua sina esquecida.

Pelas janelas os brilhos

das mais distantes pessoas,

ressoam suas vidas, ressoam

num estribilho iludidas.

E pelos morros e prédios

são cupinzeiros gigantes,

e lá fincaram estantes

d'alto em assédio homicida.

Nos eletrônicos fios,

que brilham frios n'avenidas,

escondem vidas lucina

só co'a sua sina esquecida.

E os holofortes, guarita

miram os céus e nas nuvens

voam aviões que conduzem

rotas restritas, contidas.

E vidas de ócio e vagas,

procuram aflitas, fugas

para esquecerem as rugas

de suas opacas feridas.

Nos eletrônicos fios,

que brilham frios n'avenidas,

escondem vidas lucina

só co'a sua sina esquecida.

Mais uma noite se esvai

vai com suas luzes elétricas,

d'almas perdidas e histéricas

em seus jornais distorcidas...

E muito fraco centelha,

uns fracos lumes perdidos

e poucos tem percebido

as estrelas esquecidas!

Nos eletrônicos fios,

que brilham frios n'avenidas,

escondem vidas lucina

só co'a sua sina esquecida.