Poema ao Movimento
Os olhos para ver viram,
ao infinito miram...
as pernas se alternam
longilíneas, longínquas...
ambíguas tanto quanto aos braços
em sentido oposto o ficam!
O rosto guarda o riso
que logo se abrirá preciso...
de bom gosto, de bom grado,
um brado, umbigo!
Sigo...
os ombros e a hombridade;
digo, tudo é movimento:
as pernas, pés e passos;
pensamentos...
as mãos, os dedos, braços;
batimentos...
E o que não é, senão o tempo
em seus tantos momentos?
É tanto movimento!
O corpo que revela,
releva e leva a alma
em si, por dentro
em movimento...
Pois tudo, estudo,
tudo, tudo é movimento:
todo o intento, todo o invento!
E mesmo esse poema lento
é todo e em tudo atento,
um poema ao movimento!