poema a schopenhauer

eu não sei quê que é que eu quero,

sinto só uma dor doendo,

sinto forte e eu nem entendo,

talvez minhas vontades de chorar

(ou quem sabe de sorrir...)

— a vida não foi feita pra lembrar,

a vida foi é feita pra mentir.

a mentira tem pernas curtas, meu amigo,

pernas curtíssimas,

as singularíssimas pernas tortas da mentira

— talvez minhas vontades de chorar

que eu não sei de onde vêm.

a vida não foi feita pra sonhar, amigo meu,

a vida foi é feita pra morrer.

vamos todos juntos,

caminhando um mesmo passo,

que sofrer é sempre (eu calo.)

vamos todos juntos,

o caminho é sempre um só,

deus está de tão distante!,

hei, adianta olhar, meu filho?

— ele está distraído com as brasas do churrasco

e há véus cor de canela em dança, em dança,

e sátiros e ninfas nas florestas do senhor,

os orixás dançando capoeira nos corpos nus de adão e eva.

vamos todos juntos,

talvez minhas vontades de viver,

quando a barata corre do chinelo

sem saber se é azul ou cor qual é,

ela corre porque existe uma vontade.

talvez minhas vontades de chorar,

e a vida não é mais do que um soslaio,

e a vida não foi feita pra pensar,

mexer as coisas velhas num balaio.

talvez minhas vontades de acabar,

ou quem sabe eu vá sorrir!,

a vida não foi feita pra lembrar,

a vida foi é feita pra mentir.

(06/10/2004)

este e outros poemas do autor fazem parte da obra "Esquizolira e Desalinho" publicada neste link:

http://perse.doneit.com.br/paginas/DetalhesLivro.aspx?ItemID=669