A CADA DIA

A cada dia menos tocamos a realidade

A cada dia a mais a realidade sai de nossas pequenas e cheirosas mãos

A cada dia menos esse cheiro tem resquícios de sensibilidade poética

A cada dia o dia se vai com mais ardência afetiva

A cada dia o dia ia da cozinha para o sofá da sala com maior frequência

A cada dia o dia se suspeitava que era uma imagem

A cada dia mais a gente sabia que tudo aquilo não passava de verbos repetidos e sem formas temporais

A cada dia menos sentiamos os dias sem que suas imagens estivessem lá

Já não sabiamos de sua pele

de sua viscosidade

de seu sangue

cheiro, sons, e seus outros cheiros

O dia ficou claro demais para ficarmos com medo.

A música vai fazer falta,

a velha música...

Um dia ainda saberemos o que é ficar diante os olhos que estão nos espionando e dando imagens de comando.

Um dia a cada dia mais menos sentiremos...

É isso?

Will Rison
Enviado por Will Rison em 09/02/2009
Código do texto: T1430167
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