VIRTUDES

Eu sofro de um manco, um coxeio.

O corpo não atende aos desejos

do pensamento

que se protege para não destoar.

Quis tocar na banda, não consegui.

Quis o teatro, tremi.

Para falar em público, bebi.

Fico medindo meus gestos

como se encomendados fossem

para cada situação ou palavra dita,

ou então desdita porque o corpo não obedece.

Não tem sincronia com a fala.

O gestual fica ridículo

como pato metido a pavão.

Existe uma graça dada,

de dote, nascido. Só pode.

E isso, definitivamente,

não faz parte de mim.

josé cláudio Cacá
Enviado por josé cláudio Cacá em 18/02/2009
Código do texto: T1445132