VIRTUDES
Eu sofro de um manco, um coxeio.
O corpo não atende aos desejos
do pensamento
que se protege para não destoar.
Quis tocar na banda, não consegui.
Quis o teatro, tremi.
Para falar em público, bebi.
Fico medindo meus gestos
como se encomendados fossem
para cada situação ou palavra dita,
ou então desdita porque o corpo não obedece.
Não tem sincronia com a fala.
O gestual fica ridículo
como pato metido a pavão.
Existe uma graça dada,
de dote, nascido. Só pode.
E isso, definitivamente,
não faz parte de mim.