CIDADE QUE TANTO AMO

Triste é vê-la assim

embriagada de cinza

a maior parte do tempo

com seus rios ardendo em febre

e suas matas

sombreadas pelos edifícios

Triste é ver sua gente

vestindo-se de carro

todos os dias

antes de ir trabalhar

Triste é ver todas as manhãs

dentro dos vagões

milhares de olhares perdidos

que preferem buscar aconchego

na frieza dos pisos, tetos e corrimões

E é triste

profundamente triste

saber que em muitas de suas praças

em seus jardins

crianças apodrecem

lentamente

entre os jasmins

Marcelo Roque
Enviado por Marcelo Roque em 22/02/2009
Reeditado em 28/08/2011
Código do texto: T1452570