Canção sem tempo
Há muito que procuro a verdade
Invento frases e reencontro a fantasia
Respiro, reverbero e reinvento pensamentos
Desfaço o julgamento, o argumento e a palavra
Condeno e me condeno ao sentimento
De querer uma canção sem tempo
Algo entre a lembrança de um amor sem fim
E o futuro revelado em amargura
Livre como a rima que perdura pelas luas
De um caminho anunciado em poesia
Vereda que intenta flores, frutos e perfumes
Alhures - um destino traiçoeiro
Há muito que procuro a humanidade
E a leitura abstrata de seus modos
Seja no afeto de um pequeno movimento
Repleto de doçura e acolhimento
Seja na loucura do querer concreto
Lascivo, direto e apaixonado
Um trem sem freios que desabalado
Se vai determinado - incauto - vida afora
Passageiro peregrino do pecado
A revelia do presente e do passado
Há muito que procuro humanidade
No tempo, na pergunta e na resposta
By Marco Araujo