RUA MUNDANA

RUA MUNDANA

Na capital há uma rua,

não aquela por onde não passou o poeta Quintana.

É uma rua estreita e longa,

por onde passam as vidas e ficam as postiças.

Tem um burburinho, um vaivém de almas,

nada mais que uma rua mundana.

Existe ali um comércio efervescente,

também de moças de coxas roliças.

São voluntárias moças, que esquecem,

e passado não tem mais.

São sem futuro, sem escola, sem teto,

sem afeto, sem terra.

Não foram crismadas,

não fizeram quinze anos, e sequer tem pais.

Vendem amor e valem menos que o

soldado que mata na guerra.

A rua é de todos. Do comerciante, do passante,

do camelô, ali elas trabalham, vivem e morrem

todas as noites e dias.

Seus jovens corpos também são de todos,

mas pertencem ao gigolô.

Esquecidas.

Ninguém lhes dedica suas minguadas aves-marias.

William Bird
Enviado por William Bird em 26/04/2006
Reeditado em 26/04/2006
Código do texto: T145911