VIOLÊNCIA GERA MAIS VIOLÊNCIA?!...

AGRESSÃO GERA VIOLÊNCIA?

Certa feita eu ia numa rua de mão dupla chamada Rubem Berta, na Pituba, bairro nobre de Salvador, quando percebi um veículo na retaguarda do meu, querendo me cortar e buzinando insistentemente. Diminui ainda mais a velocidade, joguei o pisca à direita e fui como se quisesse estacionar. A criatura não só me cortou com aspereza, atravessando-se à minha frente numa literal fechada, como, ainda não contente, saltou e veio à minha janela e dedo em riste, me xingou: (com perdão da deprimente palavra!)

- Seu corno!

Aquilo corroeu por dentro, mas consegui por o sorriso nos lábios e o pensamento no que é a vida para todo mundo, estresses causados pelas frustrações, angústias, sofrimentos. Pensei que, aquela bela, elegante e estressada mulher poderia ser, por exemplo, mãe de um dos meus alunos e em vez de xingá-la devolvendo a agressão na mesma tigela, ou fazendo como "quase" todo mundo faz, a pergunta clássica que não se cala nos estresses a ermo, certamente para possível auto-valorização:

- "você sabe com quem está falando?".

Não. Eu, ao contrário respondi mansa, calma, voz baixa e sorridentemente:

- Minha senhora, a senhora me desculpe, mas eu acho que deve estar me confundindo com outra pessoa e antes que ela me respondesse ou dissesse algo "furibundo", ainda mais aparentemente tranqüilo, embora por dentro estivesse me corroendo...

- a senhora deve ter me confundido com o seu marido.

Eu a desarmei de tal forma, mas pela mansidão que pelo troco, que ela empalideceu, sacudiu os longos e lindos cabelos, que mais pareciam uma peruca, de tão bem cuidados, brilhosos como seda, pra lá e pra cá, coçou a ponta do nariz onde desembocava uns óculos grandes espelhados e, não apenas me pediu desculpas, mas me convidou a saltar do carro e me abraçou dizendo: pelo menos eu hoje aprendi alguma coisa muito importante à minha vida, que a gente tem que desenvolver um equilíbrio emocional muito grande em situações como esta, vendo-lhe assim, seus olhos nos meus olhos, percebo, que não foi o senhor quem quase provoca um acidente comigo há alguns minutos atrás..

Abraçamo-nos outra vez, dessa feita, ainda mais descontraidamente.

3 dias após, eu estava fazendo atendimento na "nossa" Escola de Arte, quando a mesma senhora apareceu para matricular 2 filhos, no ballet e no teatro.

A moral desta história verídica eu deixo por conta da mente de vocês, queridos leitores, e de seus teclados mos "meus comentários".

Antonio Fernando Peltier
Enviado por Antonio Fernando Peltier em 28/02/2009
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