Retrato transitório...

Sou em meu interior, um trânsito caótico, engarrafado em noites de tempestade.

Sou fruto de uma história dolorosa e vitoriosa em livros de ficção.

Sou amor e ódio na pérfida noite de lua cheia.

Sou a desconfiança em dias de sol e chuva.

Sou parte de uma partida precipitada, tempestuosa e solitária.

Sou o não aceite por mim e por outros...

Mas sou o que me tornei em anos de sonhos e ilusões, tentativas precipitadas de crenças divertidas e audaciosas.

Não sou nem mais e nem menos do que devo ser diante de fatos translúcidos e transitórios.

A dor permanente e familiar que habita as horas adormecidas, entranhadas não é passível de descartes instantâneos.

Negar o véu que encobre o rosto é tão impossível quanto sonhar com felicidade eterna.

Sofro, choro, sorrio como as fases da lua que indiferente ao querer humano segue sua trajetória finita.

Meus dias seguem um rumo previsível de fatos repetidos em tela televisiva e tediosa.

Minha história não dispõe da tecla “delete”, simplesmente sou o que posso ser em minha limitada imperfeição.

Sou o rascunho permanente de um ser humano em trânsito.