O SENTIDO DO QUE É DOCE
Confiar como se fosse a verdade confiar
É uma das coisas que não posso fazer
Mas de algum modo eu posso comprar
Foi uma diarista que encontrou no entardecer
Ontem no alto do prédio pensei que pudesse voar
Dar asas ao meu ultimo suspiro e pular
Sem medo da reação contrária da vida contra mim
Agi como um lagarto sensato diante do fim
Parei debaixo do sol
Parei debaixo do sol
E as libélulas me davam água
Enquanto ficar esperando o sol pela ultima vez
Vai encontrá-lo com freqüência diurna
Um dia era o que dizia seu relógio em turma
E mesmo assim continuava esperando o sol
Como um louco pela ultima vez
Faça tudo como se fosse a ultima vez
Vendo que seu jogo inteiro é uma jogada rápida
Encontrará na sua frente apenas placas de ida
Continue à direita
E me responda
Sentido contrário?
O soldado continua na guarita...
Trairá sua mulher pela ultima vez
Irá à escola como pela ultima vez
Comprará tua mulher pela ultima vez
Mas a ultima nota nunca vai chegar aos seus ouvidos
Pare para ouvir
Ouça a ultima nota de minha voz
Como você por inteira
E passarei a vida na areia
Espiado
por
suas
intimidades
Parei debaixo do sol
Parei debaixo do sol
E uma libélula me dava água
E pude ouvir o som de suas asas em meus ouvidos
Aprendi a distinguir cada libélula e seu vôo particular
A perceber seu beijo como o sentido do que é doce
Como o sentido do que é doce e vejo em meu corpo o suor do seu corpo
Como você por inteira quando me mostra suas intimidades
Não me mostre suas feridas me pedindo para gritar, chorar e entender
Mostre-me suas armas e lhe direi se estarei ao seu lado na cabana
Num motel a gente não pode parar depois de um vinho na cama
Deite-se aqui mesmo sobre dos fios e os sinais de agorafobia
Sorria quando esquecer o motivo do seu riso
São dois o lados da moeda, mas só da moeda
Precisamos precisar demais
Precisar é ser preciso
Ver
com
clareza
pela
ultima vez
Mas pare e olhe para mim e ouça a ultima nota
Seja o sentido do que é doce quando deitarmos sobre os fios
Solte-se das amarras e deite-se suavemente em uma cama de verdade
De uma cabana que está atrás do apartamento luxuoso
Está atrás do sentido do louco amor de ontem
Está atrás do que perdemos correndo perdidos
Gritando dentro de si, na frente do espelho
Eu preciso de dinheiro
Eu preciso de novidades
Eu preciso ser preciso [ordem imperial]
Voamos com os canais de informação
Sofremos de audiofobia
Contínuos de si mesmos
Jogadores do descarte
Custos operacionais barateados
Voávamos acima do céu
Eu procuro os que nasceram para o pecado
E você minha querida pode sentir em mim o sabor doce de seu próprio desejo
Quem toca o próprio corpo pode tocar a realidade
Vejo em teus olhos a natureza digital de teus sentidos
Vejo em teus lhos um gemido, frêmito de seu desejo
Vejo em teus olhos a faísca de quem ama loucamente
Quem ama loucamente o olhar da libélula
O
sentido
do
que
é
doce