Hodos

Hodos*

"Nem eu nem o Minotauro teremos uma pátria. Apenas o café..."

(Jorge de Sena)

Meu ser que sangra caminhos distantes

Não tem mais lar e muito menos pátria

Meu hodos se estende pela madrugada

E pelo frio... E apenas assim, langue

Como a fala mansa que vem dos arvoredos

E das estradas, e dos sujos mangues cariocas,

Como a relva verde dos pampas, ou das piramides

De um deserto qualquer no Egito, se faz.

Estas illuminuras que ascendem em clarão

O breu de uma noite fatídica, onde a rosa

Se pôs morta e pisoteada ao chão

Nos olhos de um neo-romântico...

Meu plasma goteja em pingos de horas

Como se algo fosse partir e separar

- Eu sempre soube que estava errado;

Encontro faces cobertas e revelo

O som surdo e frágil da meia-noite

Que cava nas terras de piso seco

Uma trilha tingida de vermelho e rebu.

Ecoando a fora notas malditas e suspiros

Que boca alguma jamais foi capaz de produzir

Espremo as cordas de aço com meu dedo

E atravesso os mundos do eterno sonhar.

* Do grego clássico: Caminho.

R Duccini
Enviado por R Duccini em 08/03/2009
Reeditado em 28/03/2009
Código do texto: T1475801