A cor da morte

às vezes fujo para dentro de mim,

abro todas as portas,

todas as janelas

como se eu fosse uma casa abandonada.

abro também os olhos

e, em total desespero,

deixo desabar o pranto

em vômitos seguidos de dor.

me deixo ali,

acomodado,

prostrado como um verme

em putrefação.

as forças me fogem

os desejos me consomem

por dentro e por fora,

ninguém me acode.

as janelas não têm trincos

as portas não têm ferrolhos

os meus olhos não têm as lágrimas

a minha dor não tem limite.

nas paredes, a sombra do meu corpo

desenhada com raro esmero

repete com perfeição o monstro

que agora carrego dentro de mim.

neste momento

tenho vontade de me matar,

de envenenar a minha comida,

de rasgar as minhas novas feridas.

mas sou um nada

um indiferente

um delinqüente

perdido nos vagos versos,

por isso, não me mato

Pedro Cardoso DF
Enviado por Pedro Cardoso DF em 02/05/2006
Código do texto: T148885
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