CANÇÃO DE SIRUIZ
As estacas da cerca. Fixas, sempre fixas. Inertes. Da janela do ônibus, parece correrem. Mas estão lá, presas. Gostaria de que muitas coisas estáticas estivessem em plena marcha. Sensação de cansaço. Estacas... Em grande extensão. Espero meu presente virar passado. A impaciência cruza os braços; noite maciça. E eu tenho um saci no íntimo. Olererê, baiana... eu ia e não vou mais. Ou se cura da cegueira ou se aprende a viver no escuro. Sei que nas cidades sem luz elétrica nas adjacências de Urucuia, meus primos caçam com sucesso mesmo na lua nova. Meu desejo rasteja sobre o próprio ventre; bote sobre ti.