Dias de guerra

Nestes dias de guerra

somos tomados,

como no Arquivo X,

abduzidos, levados

a uma dimensão

de terror e incerteza.

Viu-se o nascer do dia

mas, não há por certo

que se verá seu por.

Uma dimensão

a l t e r n a t i v a

sem heróis

e nem divas

em que empresas

fecham suas portas

todos os dias

tirando-nos salários,

últimas garantias.

Nestes dias de guerra

o povo se enterra

em sentimentos vis,

por si cabíveis

no chamado

instinto de sobrevivência:

medo, selvageria,

egoísmo, miséria

e incontinência.

O s v a l o r e s

de antigamente

são lembranças

que nos ancoram

numa esperança

de poder relegar

ao passado

tanta matança.

Nesses dias de guerra

vivemos uma

sinistra abstração,

como se todos nós fossemos

parte d’um cortejo fúnebre

acompanhando

um caixão.

Oh, funesta situação

sem aparente remédio

olhamos adiante,

olhos médios,

olhares mortos

à espera de uma

e u t a n á s i a.

Este complexo ensejo

cheio de dor

carente de valor, de amor.

Nesses dias de guerra

nem sequer enxergamos

o instante desta terra.

Não falo em tom

p r o f é t i c o.

Basta abrir o jornal

que tens em tua mão

ou apenas dar atenção

àquele da televisão

para ver quão fático

o enredo ora dito

pois hoje já vivemos

tais dias.

Resta-nos

a Deus clamar

pela abreviação

desta guerra

ou dos dias

desta terra

Malco
Enviado por Malco em 06/05/2005
Código do texto: T15163