NÃO TENHO MEDO

Eu não tenho medo

Do amor ou da dor

As duas a gente sente

E enfrenta, uma tem cura

A outra é eterna enquanto

Durar ou a morte chegar

Eu não tenho medo

De gostar e muito

Do negro, do amarelo,

Do branco, do vermelho,

Gosto do trem das cores

E de seus cheiros e aromas

Eu não tenho medo

Em dizer ao Judeu

Estenda a mão ao Mulçumano

Como o Candomblé não

É coisa do Demo, e ser

Católico não é ser onipotente

Eu não tenho medo

de beijar Homens, em saudação

ou na boca por amor

Ou tesão, ou não

Mas nunca concordarei

Com o extermínio do diferente

Eu não tenho medo

De pesadelos, eles tem

Que ficar em sonhos

Mas pesadelos reais

Não se permitem existir

Eles destroem vidas

Eu não tenho medo

de dizer que gosto de

soltar pipas, não só

porque é divertido

o vôo delas nos faz

bater asas e viajar em segundos

Eu não tenho medo

de ter medo, de temer

o pior, o caos, a barbárie,

de ver muros da indiferença

rajadas de estupidez

escarrada de ignorância

Eu não tenho medo

Do futuro, ele pode

Ser um pássaro de boa

Paz, de santidade

ou uma cobra

De um veneno fatal

Eu não tenho medo

Digo e repito

Eu não tenho medo

De dar boas vindas

Ao belo, ao feio

Ao contraditório, á vida.

Em Tempo: Poema fortemente influenciado pela crônica “Tenho medo dessa gente”, da Jornalista Sandra Alves, publicado no Blog: www.jornalistas.blog.br