Paródia de "E agora, José?"

E agora, mané?

A água acabou,

O gelo derreteu

o povo morreu,

a noite congelou,

e agora, mané ?

e agora, você ?

você que é sem honra,

que zomba da vida

você que desmata,

que caça e trafica,

e agora, mané?

Está sem sua presa,

está sem comprador,

está sem dinheiro,

já não pode matar,

já não pode cortar,

vender já não pode,

a noite congelou,

o dia não veio,

a noite não veio,

a vida não veio,

não veio a tua grana

e tudo acabou

e tudo fugiu

e tudo morreu,

e agora, mané ?

E agora, mané ?

Sua podre palavra,

seu instante de viagem,

sua caça e carniça,

sua estátua de marfim,

seu diamante de sangue,

seu casaco de pele,

sua incoerência,

seu ódio - e agora ?

Com a arma na mão

quer matar a caça,

não existe caça;

quer pescar predatoriamente,

mas o mar secou;

quer ir pra Suíça,

Suíça não há mais.

mané, e agora ?

Se você gritasse,

se você gemesse,

se você fumasse

a erva amazonense,

se você dormisse,

se você cansasse,

se você morresse…

Mas você não morre,

é o seu castigo, mané !

Sozinho no escuro

Num mundo acabado,

sem civilização,

sem sofá felpudo

para se deitar,

sem Jaguar preto

que possa dirigir,

você vaga, mané!

mané, pra onde ?