ALÇAPÃO
Em meio aos girassois eu grito
dou um salto mudo
e vejo o seu vulto a me espreitar
Você chamou:
É hora de jantar
Vai cochilar,
não quer comer a sobremesa
E, bem ali na mesa - torta de mim
toda enfeitada de limão;
azeda assim...
azeda assim de solidão.
Eu volto só para o jardim
vou desarmar o alçapão
Há prisioneiros pássaros dentro de mim
a beliscar meu coração.
Preciso respirar!
E ao ver asas, soltas,
se abrindo e indo;
indo embora, indo,
cortando o ar
sinto:
Preciso habitar todo esse vôo infindo
e seguir com o meu destino
aonde ele me levar.
D.V.
29/07/98
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