A Gota

E cai do céu,

E bate na venta

E escorre no bucho,

E pinga no dedão.

E entra no chão

E molha a semente

E mata a semente

E nasce a semente

E dá outra semente

E alimenta essa gente.

A gota inocente.

Mas, e a gota inocente?

Fugiu displicente?

Abandonou o sertão?

_ Fugiu foi da traição de enricar o patrão

A gota inocente n’ é inocente não.

A gota inocente fugiu foi da gente

Que até nesse dia

Num aprendemo a lição!

É que a gota é assim:

Hora vem, hora vai

O que agente precisa

É de se aprumar

Prá quando ela vier

A gente agarrar.

(Escrita na seca de 1993)

(Publicada em Informativo MEB nº 01 Brasília, 1994).