Morte
Fechar os olhos, deixar de respirar
Ser somente a essência
A roupa, a que está no corpo
O corpo, o que libertou a alma
Sem morbidez.
A rigidez apenas dos músculos.
Perfume de lavanda
Suave brisa
Remanso, regato, água corrente.
Os entes choram a triste partida
Porque não sabem do riso eterno que é sempre chegada.
Não há morte
Não somos matéria
Somos obra, barro, sopro de vida nas mãos do oleiro
Guardados e reservados.
Ao longe o badalo brada na campânula:
Sois eternos, clama ao Pai
Sois eternos, clama ao Pai...
Depois daquela hora derradeira
Abrir os olhos, deixar ver
Ser semente, voltar a respirar
Vestir-se de bondade
Ausentar-se de si
Estar preenchido de eternidade