JANELA INDISCRETA
JANELA INDISCRETA
Olhando pela janela,
Eu vejo de tudo um pouco
Dentro desse mundo louco.
Já vi baterem panela.
Me faço de ouvido mouco
Para o fofoqueiro rouco.
Fazem cavalo-de-pau
Com carros tão velozmente,
Pra provocar acidente.
Entes com cara de mau
Andando rapidamente,
Quase atropelam a gente.
Às vezes, temo ao meu próximo,
E desconfio de alguém.
Preferia crer, porém,
Deveria ser ao máximo.
Pois do contrário, também,
Pra mim não vale um vintém.
Sem querer eu vejo a cena
Que, aos meus olhos, se oferece,
E que a gente não esquece.
De alguns, até me dá pena.
Desde que o dia amanhece,
Não me escapa o que acontece.
A minha boca é um túmulo,
E nisso podem confiar,
Pra quem quiser segredar.
Para mim seria o cúmulo,
Se me pusesse a falar
De tudo que ouvi contar.