Inveja

É sempre muito bom falar
sobre o amor,
mesmo que a dor
esteja a ele associada.
Qualquer bom sentimento
torna-se um alento
para todos os momentos
como a amizade,
a ternura,
a solidariedade,
que conduzem o ser humano
à prática do bem
e levam também à felicidade
verdadeira.

Mas
"Nem só de pão vive o homem".
Não dá pra ignorar
o lado sombrio da alma,
onde a ausência da Luz
nos tira o sono
e a nossa calma.
Neste cantinho escuro,
algo foi se deteriorando
aos poucos e,
quando percebemos,
já estamos sofrendo.
É o trabalho que não
dá mais certo,
a família que não se entende,
os amigos que sumiram,
as finanças que
viraram fumaça,
deixando em seu lugar
contas e mais contas a pagar.
E neste redemoinho,
há muito anunciado,
algo passou despercebido:
aquele olhar gelado,
impassível,
"oblíquo e dissimulado"
que não era com certeza
o olhar da personagem machadiana.
Capitu era tão-somente(?)
sinônimo de sedução.
O olhar a que me refiro,
no singular,
é múltiplo e onipresente,
está aqui e acolá,
e pode,
num instante de fragilidade,
roubar o seu sossego.
Quem nunca sentiu o desconforto
da inveja?
Quem consegue admitir
em sã consciência que já
invejou algo ou alguém?
Difícil falar do que é obscuro,
mas a nossa humanidade
nos assegura o direito
de transitar pelos caminhos
mais tortuosos,
onde os invejosos
existem e,
muitas vezes,
nos identificamos com eles.
Mais importante do que negar
esse sentimento,
é exercitar o nosso olhar
em outras direções,
é construir uma muralha
protetora,
através de ações do bem,
que podem transformar
a inveja em admiração.
Assim
" a grama do vizinho
não parecerá mais verde",
o namorado da amiga
não será o mais bonito,
e o meu jeito de ser
será só meu,
sem incomodar quem quer
que seja,
pois são as nossa diferenças
que compõem a beleza
da espécie humana.
amarilia
Enviado por amarilia em 17/05/2009
Reeditado em 17/05/2009
Código do texto: T1598857