Poema do Fingimento

Eu tive que limpar todo mato que me cercava

Matei-os de um a um

Sem sombras de arrependimentos; sem sombras de culpa

Era minha função mata-los!

Era minha função olhar as crianças!

Era minha função escrever o conto!

Estava sendo maior do que eu!

A labuta tem me requerido grandes posses

Gigantes doses de paciência comigo mesmo

Tem sido duro me negar; a batalha é maior do que eu

As letras são maiores do que o eu?

E as crianças brincam serenamente como se fossem seus destinos

Esse é o meu destino escrito; escrito

Se não fosse o meu seria o quê? Doses indiscretas...

Folhas não faltam, faltam almas!

Ele chorou a tarde inteira, ele aprendeu muitas coisas

A sua dor serviu de muitas quedas!

Sendo a vida um livro aberto, quem seria os melhores entendedores?

Dá-se para ver os barcos neste horizonte de mar azul; amar azul

A volta da onda trás muitos animais selvagens

Seria a volta de um poço de amargura?

Ele aprendeu a tarde inteira:

Com choros matos barcos crianças ondas

Mas mesmo assim, sentiu-se só, como se a solidão fosse necessária

As paixões de sua vida não o davam tremendo prazer; as letras sim.

A paixão se perpetuará numa fugacidade extrema!

As letras são inertes do ato fingido

A paixão, as letras, o amor

... Fazem!

iuRy
Enviado por iuRy em 21/05/2006
Código do texto: T160108