A SOLIDÃO É MEU DESERTO,
A solidão é meu deserto, vasto, árido, sem vida.
Ora, caem gotas de esperanças, mas que não penetram na alma,
e molham apenas a superfície.
Espero uma chuva fina e constante.
Não anseio uma tempestade, quero a constância de algo calmo e duradouro.
Quero sentir a vida fluindo, a magia de algo nascendo, transformando-se, amadurecendo
lentamente . . . deste nascer irrompe terra afora uma exuberante vegetação,
rasgando o solo e ao mesmo tempo, com suas raízes, dilacerando as entranhas da terra,
agora não mais árida como antes, não mais infecunda e estéril
como o ventre seco de uma velha mulher desgastada pela vida.
Quero sentir novamente a doçura do fruto maduro e ver o colorido das flores,
que realçam a beleza do Ser, que fazem o verde
combinando seu amarelo com o azul do céu sem as pesadas nuvens.
E com este sentir renovar a Fé, retirar o amargo fel de minha boca
agora não mais sedenta de vida, pois tenho o amor.
Deixo para trás aqueles troncos mortos e velhos,
pois leva-los seria um erro imperdoável em meu seguir,
seu peso e as lembranças que me trazem
tirariam muito do dulçor dos novos frutos,
que sirvam de adubo ao renascer a vegetação em meu coração.
Não, nunca mais a solidão das companhias,
d’hora em diante apenas a solidão exuberante
de dois corações frutuosos sendo um,
de dois Entes e duas raízes, que são e serão
Unos, entrelaçadas na eternidade.
(Suhaila/ddjomma)