Inundação

Meu coração às vezes
tranborda de amor!
Ah, como é sem-noção
esse meu coração!
Vai juntando um carinho aqui,
outro acolá,
enamora-se ora de um,
depois de quem se aproxima
com um jeitinho especial,
ou ainda aquela pessoa
linda,
de olhar sensual,
de sorriso cativante,
ou de porte elegante.
Vem também outras pessoinhas
de várias idades,
cuja vaidade
principal é cativar,
tornar alguém prisioneiro
dos grilhões macios
do bem-querer.

E aí vem essa inundação
de ternura,
que me provoca
uma doce embriaguez.
Que às vezes me tira o prumo,
e me lança numa insensatez
momentânea,
deixando-me mais
do que espontânea,
atrevida em meus arroubos
de carinho.

Meu coração é uma criança
pra lá de travessa,
não conhece os limites
do bom-senso.
Vai querendo,
querendo,
parece insaciável,
qual uma represa rompida,
que engole tudo e todos
pelo caminho.
Mas com uma grande diferença:
É o amor o seu destino!

Ah, coração-menino!
Cresce um pouco, vai?
Não se assanhe ao primeiro
olhar enlanguecido,
ao toque de mão mais atrevido,
ou a um doce sorriso.
Pega leve no seu compasso,
não se torne tão ébrio
a cada luar prateado,
a cada pranto derramado,
a cada beijo roubado.

E além do mais,
é bom tomar tenência,
arrefecer sua veemência
nas coisas do
sentimento,
pois amar pode ser
uma delícia
desde que venha
do outro lado
muito afeto também.
Se não fica tudo
sem sentido
e os olhos vão perdendo
o brilho
com a ausência
do amor verdadeiro.