Tempo

O tempo voa
e não perdoa
quem faz de conta
que a vida não é pra ser vivida
a cada instante.
Minutos, horas, segundos
movimentam-se numa sucessão
desvairada,
num frenesi alucinado,
tirando o chão
de quem insiste em negar
o seu poder.
O tempo pode ser mágico
ou trágico,
depende da emoção
nele contida.
Se há tristeza,
abandono,
solidão,
o tempo se arrasta,
como um réptil
percorrendo a extensão
do deserto.
Se há alegria,
amor, ternura,
o tempo é benfazejo
e célere também.
E nessa alternância
de momentos,
de nuances de sentimentos,
o tempo vai se esgarçando,
se esgotando,
fragilizando as possibilidades,
encolhendo os sonhos,
perdendo a cor.
Mas alguns matizes ficarão
ou não.
Alguns sabores também
hão de ficar.
Receita? Não há.
Mas é bom se atentar ao tempo,
ter com ele uma relação de afeto.
Até porque ele é soberano
e comanda todo o universo.