Nas noites longas de um tempo antigo

Navegavam esses potros

pelo mar verde das coxilhas...

eram naus douradilhas,

zainas, mouras, tordilhas...

e seus comandantes

brandiam espadas em gritos de guerra.

e traziam endereços de morte

em suas lâminas...

Seus corações eram blocos de mármore

enclausurados em armaduras

de pele, carne e aço.

e seus impérios eram os domínios

de suas estâncias

e as sesmarias orelhanas

deste continente.

Por detrás dos postigos,

olhares de medo varavam lonjuras....

e bocas aflitas

repetiam preces em toscos altares.

e mãos delicadas

dedilhavam terços no silêncio das noites.

Sofrenavam cavalos

em noites de lua

sob as asas dos cinamomos...

para entregar recados

em gumes de vento.

E passos apressados rangiam

nas tábuas...

e trêmulas mãos corriam ferrolhos...

e trancas de angico cruzavam nas portas.

essas noites antigas

alongavam eternas horas...

o tempo parava na respiração dos aflitos.