EU SANGRO

“Senhor! Meu Senhor! Eu sangro!

Sim estou a sangrar!

Estou perdendo a vida!

Sou mulher, ainda jovem, mas sinto a força que se esvai junto com o sangue que jorra...

Sangue que leva consigo a força do viver...

Sangue que leva consigo sonhos...

Amores...

Esperanças...

Enfim sangue que me faz menos mulher.

Senhor eu sangro! Sangro pela dor dos corpos...

Rasgados...

Dilacerados...

Perdidos...

Abandonados....

Senhor eu sangro!

Sangro pelos ventres estéreis...

Pelos seios secos...

Pelas entranhas vazias...

Senhor eu sangro! E neste rubro mar lavo e carrego as cicatrizes que relembram perdas...

Senhor estou a sangrar...

Já não encontro cura...

Senhor minha jovem vida se perde...

Senhor não quero... Não posso... Não me deixam crescer...

Senhor estou morrendo!

Então te vejo passar... E a orla do teu manto ouso tocar...

Ah meu Senhor... À vida sinto voltar...

Sim...

O sangue estanca...

Já posso sentir a vida em mim...

Mas ainda é preciso mais...

E você me garante esse mais...

Não apenas a cura, mas a salvação...

E a certeza de que sou amada e aceita como mulher...

Agora posso ir e viver em paz, pois meu Deus me ama como Mulher...

Louvada seja a Fonte da Vida...

Luz Divina... Chama Ardente que renova meu ser...

O caminho é longo...

Sê comigo eu peço... Sê comigo e não mais perderei a vida...

Sê comigo e não mais sangrarei....”.

(texto composto 17/01/07, meditação do retiro anual; Por Débora Pupo)