Partida

Quem parte deixa seus laços

Como quem segue rumo ao mar aberto

Tendo plantado na aridez das areias

A brancura da alma feita silêncio,

O rubor do desejo feito ausência,

A transparência do sonho feito nada.

Na partida, sem rastros ou adeus,

Deixa-se a alma densa das sombras serenas,

A alvura do luar nas madrugadas,

O cansaço de amanhecer desperto,

O vazio abissal do peito deserto;

Busca-se a esperança feita estrada.

Quem parte leva consigo o colorido

De mil primaveras por florescer,

Um palpitar no peito feito criança,

O verbo impetuoso que a palavra cala,

O sentimento mudo que o discurso esquece

E um coração que arde na palma da mão.

Shirley Carreira
Enviado por Shirley Carreira em 14/07/2009
Código do texto: T1699041
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