Mapa da vida

Procuro em mapas antigos
localizar o perdido.
Água que flui entre os dedos.
Só encontro sombras vazias
em relâmpagos de luz
nos sonhos de adormecida.

Quebro as janelas de vidro
e os cacos cortam os dedos.
Embrulho de seda pura
atado com fita rubra.
Gotas de rubi no chão:
rastros de volta ao passado.

Morta, estendida entre flores
pálidas rosas me cercam.
Dos lábios duros e inertes
ressoam palavras secas.
Suspiros tristes ecoam
perdidos na madrugada.

Longe, bem longe ela vai...
Dama triste do meu sonho.
Pairando como uma sombra
esvoaçante, rumo ao além.
E eu, nem mais sei se ela sou
ou se nós somos o nada.

(poema que abre meu livro inédito com o mesmo nome: Mapa da Vida)

(A foto superior é de minha mãe com suas sete filhas. Eu sou a que está com uma flor na blusa. Coloquei esta foto porque considero que as fotografias são mapas nas quais reconhecemos a nossa história e sua posição no mundo)