REVERSO

Eu tenho aqui na garganta

o meu grito aprisionado

não sai, porque não adianta

gritar ao velho passado.

Fugir de mim mesma, ousei,

não pensei nas conseqüências;

chegando lá não me achei,

eu não tinha referências!

Controlei meu sentimento

e tracei uma divisa

prendi a força do vento

e dei asas para a brisa.

Tem que existir o conflito

para discernir a paz

não tem silêncio sem grito

nem ordem sem capataz.

Injustiça é nosso avesso,

fazemos tudo escondido:

na aparência um endereço

e por dentro o do bandido.

Fui buscar o meu reverso

lá nas dobras da “arte-manha”,

estava em forma de verso

no topo de uma montanha

Do vale emergi ao topo

da relva virei madeira

do poço fui ao escopo

e em tudo fui verdadeira.

Somente quando “voltei”

a enxergar o meu escuro

das escamas me livrei

encontrando o que procuro.

Ladrilhando o meu futuro

com as pedras da humildade

pude ver no meu escuro

um mundo de claridade.

Dáguima Verônica de Oliveira
Enviado por Dáguima Verônica de Oliveira em 21/07/2009
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