La vie en rose

Quero a maciez da rosa
orvalhada
pelo frio da manhã
e o frescor
da brisa
à beira-mar
depois de uma deliciosa
noite de amor

Quero ainda mais
a paz do seu olhar
a me cobrir
do mais puro mel
que nenhum colibri
ousou experimentar

Quero também a lassidão
tão própria
de quem não teme
o ócio
depois do dever cumprido
e do bem praticado
em sintonia
com o coração

Ainda mais agora
que não mais anseio
pelo que não é meu
de direito
e já não busco
o que causa tumulto
disputa
que vai no caminho
contrário
ao sossego da alma

É essa calma
que me invade
de repente
que desejo sentir
sempre
sem me deixar levar
pelas cobranças diárias
nem fazer
papel de otária
diante do que
não vale a pena

Quero sim
a cor de carmim
nos lábios
quero tê-los
entreabertos
para o beijo esperado

Toda essa ternura
burilada
pacientemente
esse jeito amoroso
de falar e de ser
é o que tenho de mais
caro em mim
Mas nem sempre foi assim

É na caminhada que se faz
o caminhante
e no ir- e- vir constante
algo mudou em definitivo
em minha mente
Os espinhos estão para a rosa
como as pedras para o caminho
e a beleza só existe
pra quem persiste
em mudar o modo de ver

Hoje eu vejo a vida
em seus tons delicados
de rosa-flor
com seus aromas
encantos
e delicadeza
o estar no mundo
do jeito mais profundo
e singelo de amar