ABRIMAR Noturno

ABRIMAR Noturno

Abri os mares como num açoite

O Vento erguia-se etéreo

E não importava-me se era dia ou noite,

Duas ondas me dividiram;

Fabricava castelos imaginários

De uma areia onírica, fina,

Que pingavam nos olhos sedentários

Daquela matéria cristalina...

Vida vista pelas lentes outonais,

Não minha, as tais, de ninguém...

Cobriam portas, liceus abandonados

Feitos de musgo e mais alguém.

Duas ondas rebentaram fera

Sem dar luzes à primavera

Que morta fez questão de levantar,

Um ponto, uma questão...

E embebedaram-se do que não tinha

No meio daquela ventania fria

Que eu fazia questão de esquecer,

Credros vermelhos escorrem pela torneira.

R Duccini
Enviado por R Duccini em 01/08/2009
Código do texto: T1731787