Vida de cão

Quem nasce no sertão tem vida de cão

Trabalha que nem burro de carga

Pra alimentar a família seu maior bem

Sonhando com uma mesa farta.

E depois de um dia suado

Seu corpo estraçalhado cansado

O matuto reza pra deus e nossa senhora

Pra ver os seus filhos bem alimentados.

Mas a seca malvada seca o chão

E só resta ao pobre coitado se retirar

Ele junta a família e o pouco que lhe resta

E sai de mundo a fora a se lamentar.

Mas pior que viver no sertão

É vagar nas ruas da capital

Dormir numa cama de papelão

E morar na beira de um canal.

Lá ele abriga a mulher e as crianças

Sem trabalho, sem dinheiro pra comer

Revoltado passa o dia num botequim

E enche o bucho de cachaça até desfalecer.

A mulher de barriga já desnutrida

Mais oito filhos e uma cunhada faminta

Na beira de um canal pedindo comida

Num sinal fechado de uma grande avenida.

O pai marginalizado sai vendendo as crianças

Pra enganar o estomago vazio

Viciado numa tal de droga

Que é moda nas calçadas do brasil.

bel Salviano Planeta Poeta
Enviado por bel Salviano Planeta Poeta em 03/08/2009
Código do texto: T1734766
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