UM CERTO JOSÉ ...

Peço aqui, licença poética ao grande Drummond,

pois, também quero indagar, um certo José ...

José ...

E agora, José ?

A pose acabou,

o tom apagou,

o voto sumiu,

a cadeira esfriou,

e agora, José ?

E agora, você ?

você que é sem terno,

que foge dos outros,

você que desfaz versos,

que cala, contesta,

e agora, José ?

Está sem ninguém,

esta sem recurso,

esta sem caminho,

já não pode correr,

já não pode parar,

mentir já não pode,

a cadeira esfriou,

o gozo não veio,

o clima não veio,

o tipo não veio,

não veio a folia,

e tudo acabou,

e tudo ruiu,

e tudo gelou,

e agora, José ?

E agora, José ?

sua doce falácia,

seu instante de plebe,

sua turra e vudu

sua brinquedoteca,

sua fava de ouro,

seu terço de vidro,

sua prepotência,

seu dólar - e agora ?

Com o cetro na mão

quer fechar a porta,

não existe cetro ;

quer viver no mar,

mas o mar morreu;

quer ir para o Amapá,

Amapá não há mais,

José, e agora ?

Se você curvasse,

se você tremesse,

se você dançasse

a valsa do adeus,

se você sumisse,

se você embrenhasse,

se você mudasse ...

mas você não muda,

você é tolo, José !

Sozinho e obscuro

qual mato-sem-bicho,

sem ideologia,

sem bancada nua

para se escorar,

sem tapete vermelho

que seja voador,

você marcha, José !

José, para onde ?

Estamos passando por um momento de profunda tristeza política,

onde o nosso Senado, através de seus "excelentíssimos" senadores,

vem nos proporcionando um deprimente e vexatório espetáculo

de abuso de poder, e total desrespeito à sociedade ...

Sabemos que "José Sarney", não é o grande malfeitor nesta estória;

sua saída, não seria suficiente para colocar ordem na casa, porém,

é evidente que sua permanência, se tornou moralmente insustentável

Agora, uma coisa é fato, o Senado é apenas um reflexo do que acontece na política brasileira como um todo ...

E esta postura passiva de nossa sociedade diante dos mandos e desmandos daqueles que, deveriam nos representar, sem dúvida, é

a pilastra que sustenta toda esta "politicagem" no mais fiel estilo

coronelista dos velhos tempos ...

Que o nosso povo não têm um histórico de participação em relação aos

assuntos políticos de nosso país, já sabemos; Que fomos doutrinados,

desde os tempos do Império, a dar viva ao rei,(seja ele quem fosse) e

colocar em suas mãos, o destino de nossa terra, nossos filhos e nossos

sonhos; também já sabemos; e é justamente por saber disto tudo, que

devemos dar um basta ! Um basta a este "paternalismo" que nos

mantêm aprisionados à um regime praticamente feudal ... Onde mesmo sem percebermos, acabamos dando "vivas" a tantos "Josés", Renans, Collors, e ACMS da vida !

E diante disto tudo, eu volto a perguntar :

E agora, você ?

Marcelo Roque
Enviado por Marcelo Roque em 07/08/2009
Reeditado em 28/08/2011
Código do texto: T1741858