A Porta
 
Quando foi que eu atravessei aquela porta?
Atravessei a porta?
O que vejo é ela encostada,
Eu diante dela
Sem reação alguma.
Tento abrir – pesada demais.
Tento fechar – falta coragem.
Espiono uma vida que não é mais minha;
Deparo-me com você retornando o olhar curioso.
Decido seguir,
Mas, por mais que me distancie,
Volto sem fôlego para uma última checada.
Não há como fugir deste ciclo,
Deste amor mal resolvido
Que nós dois deixamos de viver cedo demais.
Algumas vezes
Estou escorada,
Sentada na beirada,
Ouvindo sua voz
E a conversa nasce,
Os risos preenchem a escuridão.
Iludo-me.
Quebro-me.
Toda vez que o sinto ir para longe
Rezo, quieta, para que feche a porta de vez,
Libertando-me.
Você sempre volta,
Sempre carinhoso,
Sempre solícito.
Como odeio ser tão fraca,
Preferindo continuar com esta ferida aberta
A extirpá-la.
Chega!
Não agüento mais.
Eu quero você
Contudo, não o quero.
Permita-me ir,
Ser feliz,
Ainda que distante.
Pelo pouco que sobrou do sentimento,
Feche a porta definitivamente.
Não posso mais viver de restos.
Karla Hack dos Santos
Enviado por Karla Hack dos Santos em 16/08/2009
Código do texto: T1757781
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