Mudanças

Sou apenas uma menina

D’olhos marejados e saudades infindas.

Ando errando pelos meus caminhos

À procura de um rosto

Que me ilumine e dê gosto

Ao difícil destino da pequenina.

Tenho o vivaz na mente

E a lembrança é o forte elo

Espancada pela memória explícita...

Desejo a paixão viva,

Não a vida de amores secretos.

E na surda escuridão do quarto

Toco-me como mulher em chamas,

O corpo arde abrasado

Na volúpia febril do infame momento.

O pensamento liberto, materializa-se o ser,

O outro, o fruto do desejo, meu homem.

Extasiada, e ensopada, e cansada, e letárgica

Volto a mim e apago a mulher.

Cheia de remorsos, mudo novamente;

E descubro a sanidade das horas.

Sou apenas uma menina

Descobrindo os desejos da mulher.