Ah, esse friozinho!

Quando os dias
ficam assim opacos,
e o Sol não mais reverbera
sobre as folhagens e os lagos,
é quando uma quietude imensa
ocupa o lugar do desassossego.

Onde muitos veem tristeza,
eu vejo apenas um doce momento,
um convite à reflexão
ou mais ainda ao enamoramento,
pois a vontade é muito mais
de aproximação.

Veja bem o que acontece,
quando o frio aparece
de repente.
A gente busca o casaco de lã
já guardado,
quase esquecido no armário.
Nas ruas todos andam
encolhidos
e os pensamentos,
antes atordoados,
aquietam dentro da mente,
ou querem apenas
algo que lembre
um calorzinho gostoso.

E vem o desejo
do abraço imenso,
apertado,
do beijo com sabor
de canela,
do mingau de aveia
ou de fubá com queijo quentinho,
do vinho tinto à noite
e da cama macia
convidando ao amor.
Aí nesse instante
o friozinho excitante
dá lugar ao calor,
tão mais envolvente,
tão mais convincente
que qualquer cobertor.
Ah esse friozinho!