O Sol e a Sereia

E porque há um azul e Isabel sorriu

noto pela porta que abriu

a plena manhã que o Sol coloriu.

Há um derrame de luz

e um canto de Sereia que seduz.

Serena Sereia,

paixão que se saboreia.

Em qualquer palco

entre lantejoula e talco,

assisto atrizes nuas

que gritam frases cruas

como as de quem execra as dores

e se lembra de ex amores.

Nuas atrizes que choram em dramática escala,

na qual, toda palavra se cala.

E então se faz Poesia ...

Pois há que se saber que em cada dia

renova-se a antiga alegoria

para que em plena messe

(que outra tarde oferece)

colha-se a grandeza de sentir

que juntos podemos ir

e que de dois, ficamos um

nesse sonho de pudor nenhum.

Percorro teu corpo

e visto tua alma.

Estranha lira

de ânsia e calma.

E para fazer Poesia ...

evocarei Calíope, musa do Bardo.

E talvez na posse de um falar mais largo

eu consiga sem embargo

mostrar-te o desejo em que te afago

e todo amor que te trago.

Mas mesmo com toda Polissemia

temo não te dizer o que queria.

Do tanto de amor que havia

em cada carinho que eu te fazia;

ainda que atrás do palco

e do hálito de alcool,

só houvesse um vago pseudo

sem fortuna ou feudo.

E o Sol imenso continua a derramar-se no Mundo.

E antes de cada Hora, vive-se cada segundo.

Gostaria, preta, que vagasses pelo Infinito Espaço

e que no aconchego de um abraço

tu percebas,

mesmo que não vejas,

o imenso gostar que tenho

nesse tempo que já não tenho.

E, por fim, descansarei meu cansaço

na quietude de teu regaço.

Já não terei a tristeza infinda

e nem à Morte direi

que é cedo ainda.