enterro dos ossos
o que ainda estou vestindo
que você já não tenha tirado
não sobraram nem os meus versos,
nenhum caderno, nenhum retrato
pelos cantos da minha casa
em todos os cantos da minha vida
carnavais descosturados
e o que restou do meu passado
tudo bem se não foi tudo bem
eu sei você não vai me responder
nossa cruel cumplicidade
pra mim é deliciosa de se ver
moram nos cantos de nossa casa
todos os rumos da nossa vida
nasce a quarta-feira de cinzas
estamos agora desmascarados
fantasiados de novas desculpas
de sexo, razão e precipícios
de música, sons
e versos enterrados