A metáfora

Pitoresco desdém simulacro,

Em ti,

Não há.

Prosopopéia infinita do aspecto gigantesco

Da matéria,

Em tu,

Tudo é metáfora.

Risco iminente de floração

Do mais imo dos corações;

Casta de uma era inominada, secreta.

Vento alado no castelo do manietado

Tutor da esperança.

Tu me trás, de longe, alegria.

Tu me és, por onde, calmaria.

Transfusão corrente de sons inaudíveis;

Esfera magnânima da esperteza vadia;

Cair de águas em pedras secretas

Da natureza vazia.

Tu me vem, constante, incrustada ao peito.

Dá-me um sinônimo, um topônimo, um binômio...

Pudera, dessarte, ser a palavra

O núncio da ventania.

Ventania que o ti trouxe ao mim,

Que te trouxe a mim.

Ó alma que vaga,

Se não fosse eu o destino,

Se não me desse isso o destino...

Dá-me, apenas, a palavra que preciso...

Ardente suor vagaroso,

Fecho, meu canto, tempestuoso.

E lhe digo, metáfora:

Tu extirpaste a mágoa,

Tu levaste

A mágoa...