Teu mundo enorme
nunca porque meu medo é limpo
pulsando num coração milenar
um bicho uma imensa criatura viva:
pêlos boca e mãos e pés
não sei dizer porque é sobrenatural
meu medo
pousaste os pés na areia
e o mundo ficou tão grande
por um instante teus olhos, impenetráveis
mas a amplidão os engoliu
límpida quanto uma vibração de Mozart
e o trigal: não com corvos
o trigal aberto como quando uma gargalhada
onde se vê todos os dentes
não tenho tanta certeza
mas acho que havia nuvens
quando ela andou até a água
depois parou depois morreu
sem nenhum pecado
afogada de amores