Teu mundo enorme

nunca porque meu medo é limpo

pulsando num coração milenar

um bicho uma imensa criatura viva:

pêlos boca e mãos e pés

não sei dizer porque é sobrenatural

meu medo

pousaste os pés na areia

e o mundo ficou tão grande

por um instante teus olhos, impenetráveis

mas a amplidão os engoliu

límpida quanto uma vibração de Mozart

e o trigal: não com corvos

o trigal aberto como quando uma gargalhada

onde se vê todos os dentes

não tenho tanta certeza

mas acho que havia nuvens

quando ela andou até a água

depois parou depois morreu

sem nenhum pecado

afogada de amores

Ronaldo de Luna
Enviado por Ronaldo de Luna em 20/06/2006
Reeditado em 21/07/2006
Código do texto: T179098