É tempo, vem
os olhos, eram como o fundo da noite
dilúcidos e semicerrados sob estrelas,
tocaram a linha infinita
precipitada entre o vazio e o deus
deus era uma estrela intocada e medrosa
enorme mas poderia transformar-se
e caber na palma da palma da mão
então o amor explodia: bum!
arrastava consigo todos os movimentos
como uma música enchendo o espaço
uma vaga descomunal,
indo aos poucos tudo ia nascendo
homens e plantas e granitos e gritos de homens
a água era de eras glaciais
se caminhasse mais conheceria
mas se permanecia imóvel
depois ergueu-se muito grande
nimbada dalgum niilismo
de condição feita entre dois instantes
era muito simples: não havia escolha
o sol tomava o céu, um tecido incomensurável
deus devia deslizar sobre ele, era divertido
cada vez que ele deslizava
sentia vontade de se aproximar, tinha medo
o medo, um translado de frio e escuro
num sopro em profundo desespero
como se fosse a parte maior da vida
aberta, imediatamente no peito