Da neve
A neve aconteceu
subitamente parecia um corpo etéreo
mas a neve, deixa que te invente
é como uma criança tateando no vácuo
a neve é a coisa mais cândida
porém recuso-me tocá-la
é porque tenho medo
(bobagem, sempre quis tocar alguém)
depois, te falar é sobretudo doloroso
a pedra o concreto, talvez nem fosse preciso tanto
bastava o silêncio
e poderias dormir comigo
os dedos, fatalmente paralisados não tinham carne
mas os dedos jamais perderiam a capacidade de tocar
a neve não é mais nada