Bem sei

Bem sei, é por instinto

Que minha boca te abocanha

Engole teu ar morno sem mal

E minha pele te ganha

Bem sei, pois verdade

Que tua língua ‘inda crua

Se morde de passagem pela minha

E me arrepia

Bem sei, pois é bonita

Tua trança amarrotada sob a minha

E o vestido morno pelo chão

Tua mão indo pela contra-mão.

Bem sei, pois é roubado

Teu gemido, por meu grito, abafado

E as unhas prendendo na pele

Bem sei, é malcriado

Sei da minha mão na tua

Tua língua sagaz e minha pele nua

Tudo junto numa composição, num tom

Na música de um dono sem dom