Fábulas em versos II

A lebre e a tartaruga

Houve um tempo em que os bichos

também podiam falar

e aconteceu neste tempo

a história que vou contar.

Um dia a Dona Lebre

ao sair pela manhã

na corrida habitual,

encontrou a Tartaruga

em sua lentidão normal.

Só para tirar uma onda

olhou para a tartaruga

vendo suas pernas curtas

e a cara cheia de rugas,

chamou-a de velha cansada,

que mal podia caminhar,

porém Dona Tartaruga

sem seu passo alterar,

disse-lhe calmamente

que em uma boa corrida

poderia lhe ganhar.

A lebre, apesar do riso,

aceitou o desafio

e marcaram para o outro dia,

ali, na margem do rio.

Foi uma festa na floresta

fazer os preparativos

e os bichos mais velozes,

não continham o próprio riso.

Dando a hora combinada,

a lebre e a tartaruga

se aproximaram da largada.

Ao sinal para partir

a lebre em disparada

saiu muito entusiasmada

enquanto a tartaruga

seguia calma e descansada.

Movida pela vaidade,

também cheia de maldade,

a lebre, achando-se a tal

deitou-se na beira da estrada

numa grama bem fresquinha

em um oco de um pau.

O cochilo foi maior

do que ela esperava

e quando abriu seus olhos

a tartaruga persistente

pela linha da chegada

atravessava tranquilamente.

Quantas vezes também nós

somos lebres, sem querer,

deixamos que a vaidade,

a arrogância e a soberba

tomem conta do nosso ser.