QUANDO EU MORRER
QUANDO EU MORRER
Quando eu morrer, eu sei, ó que ironia!
Virá chorar-me quem me calunia.
Mas minh’alma bem longe da matéria,
Irá sorrir de tanta gente séria,
Externamente e só por falsidade,
Que não sabe que sei toda a verdade.
Mas a quem com amor hoje me trata,
Deixarei um poema que retrata
Minha eterna e sincera gratidão,
Que irá comigo pela imensidão.
E, muito além do azul do firmamento,
De repente estarei sem sofrimento.
Dirá a lua, cheia de tristeza:
-Quem é que cantará minha beleza?
E o velho mar, com sua voz ufana:
-Infelizmente, é curta a vida humana!
E a passarada, cheia de saudade,
Já não terá no canto a intensidade.
E as traças, talvez, (que covardia!)
Um banquete farão de poesia.